Dona do seu próprio espaço, a proprietária não precisava dos dois quartos que a planta do apartamento originalmente oferecia. A parede que separava um deles da sala de estar veio abaixo, juntamente da outra, que criava a divisão entre sala e cozinha. A reforma não alterou a configuração estrutural do imóvel: a cozinha continuou onde estava, o living manteve-se living, e o dormitório extra foi transformado em estúdio. O cenário, no entanto, mudou. Os três ambientes tornaram-se integrados, aumentando a amplitude do espaço – sensação reforçada pelo pé-direito duplo da sala.
Este enorme espaço vertical, aliás, abriga aquela que é a peça central do projeto – a estante em torno da qual tudo rodeia. Fã de estantes como peças do mobiliário capazes de contar a história da moradora de uma casa, Paula sugeriu o desenho a cliente, que gostou da idéia. Móvel pensado para “manter uma bagunça organizada”, nas palavras da arquiteta, a estante tem nichos maiores e menores, vazados ou encostados na parede, que fazem dela uma presença marcante, sem perder a leveza e a fluidez.
O único ambiente mantido intacto foi o quarto da moradora, que Paula decorou com linhas simétricas, texturas aconchegantes e tons levemente quentes. Os mesmos toques femininos aparecem também na poltrona rosa que atrai os olhares na sala e nos azulejos pintados que revestem parte da cozinha, garimpados em lojas de antiguidades. Uma pequena coleção de câmeras antigas espalhadas pela estante.
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